Greta Thunberg chama rascunho da COP29 de 'completo desastre' e 'sentença de morte'
23/11/2024
Ativista denuncia soluções falsas, promessas vazias e cobra que países ricos paguem sua dívida climática. Rascunho deveria ser entregue na madrugada deste sábado, mas está atrasado. Greta Thunberg chama rascunho da COP29 de completo desastre e sentença de morte
Reprodução/ Redes sociais
A ativista Greta Thunberg publicou um post em suas redes sociais em que faz duras críticas ao andamento da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática de 2024 (COP-29), que ocorre em Baku, no Azerbaijão, e ao rascunho do texto final em que lideranças globais discutem o combate à crise climática.
A COP29 é um evento que reúne governos do mundo inteiro, diplomatas, cientistas, membros da sociedade civil e diversas entidades privadas com o objetivo de debater e buscar soluções para a crise climática causada pelo homem.
Greta manifesta insatisfação com o desempenho das negociações climáticas e alerta que neste momento ocorre a aceleração da mesma crise pelo aumento sem precedentes de gases de efeito estufa - agravada ainda por desigualdades, guerras e desestabilização ambiental.
Também denuncia a ausência de reparações financeiras a serem pagas pelos países mais ricos e aponta o evento como parte de um sistema global baseado em injustiças e que favorece as elites econômicas.
O rascunho do acordo sugeria um financiamento de US$ 250 bilhões anuais dos países ricos. A cifra, entretanto, é considerada abaixo do esperado, pelo menos US$ 1,3 trilhão por ano, um dos pontos mais debatidos da cúpula.
"À medida que a reunião climática da COP29 chega ao fim, não deveria ser surpresa que mais uma COP esteja fracassando. O rascunho atual é um completo desastre", diz Greta em seu perfil no Instagram.
Veja o post:
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"As pessoas no poder estão, mais uma vez, prestes a concordar com uma sentença de morte para inúmeras vidas que já foram ou serão devastadas pela crise climática. O texto atual está cheio de soluções falsas e promessas vazias. O dinheiro dos países do Norte Global, necessário para pagar sua dívida climática, ainda não apareceu", complementa.
"Aqueles no poder estão agravando a desestabilização e destruição de nossos ecossistemas que sustentam a vida. Estamos caminhando para vivenciar o ano mais quente já registrado, com os gases de efeito estufa globais atingindo um recorde histórico no ano passado", observa a ativista.
"É evidente que nossos sistemas atuais não estão funcionando a nosso favor. Os processos da COP não estão apenas falhando; eles fazem parte de um sistema maior, construído sobre injustiças e projetado para sacrificar gerações presentes e futuras em benefício de poucos, que continuam obtendo lucros inimagináveis e explorando o planeta e as pessoas. A cada negociação, a cada discurso feito por um líder mundial e a cada acordo que assinam, fica claro que cabe a nós, como coletivo global, tomar as ações de que tanto precisamos e mostrar onde está a verdadeira liderança. Eles não farão isso por nós, como esta COP29 mais uma vez comprova."
Greta também diz que o país anfitrião – Azerbaijão – é um petro-Estado repressivo e autoritário que cometeu limpeza étnica e atos genocidas contra armênios.
"A sociedade civil presente na COP29 está sendo silenciada, mas continua lutando e pressionando os negociadores a alcançarem o mínimo aceitável. Tudo isso enquanto opressão, desigualdades, guerras e genocídios em todo o mundo continuam a se intensificar."
O rascunho estava previsto para ser entregue na madrugada deste sábado (23). No entanto, em meio a desacordos e protestos de delegações de pequenos Estados insulares e países em desenvolvimento, as negociações foram temporariamente suspensas.
Além dessas delegações terem abandonado a reunião, a Arábia Saudita foi acusada de ter feito mudanças no texto oficial.
Entenda o que é a COP29
A COP29 é a 29ª conferência do clima da ONU, reunindo governos, diplomatas, cientistas e sociedade civil para discutir soluções para a crise climática.
Realizada anualmente desde 1995 (exceto em 2020), a sigla COP significa "Conferência das Partes", referindo-se às 197 nações que assinaram um pacto ambiental nos anos 90.
O objetivo principal do tratado, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, é estabilizar as emissões de gases de efeito estufa e combater a ameaça ao clima da Terra.
Este ano, pela primeira vez, a temperatura global ultrapassou 1,5 ºC em um ano, e o observatório Copernicus aponta um aumento nos recordes de calor.