Manaus tem aumento de sífilis com mais de 2,4 mil casos registrados em 2025
16/10/2025
(Foto: Reprodução) Casos de sífilis em Manaus: em 8 meses foram registrados mais de 3 mil casos da doença
A Prefeitura de Manaus alerta para o aumento de casos de sífilis entre adolescentes e jovens adultos. De janeiro a outubro deste ano, foram registrados 2.479 casos de sífilis adquirida na capital, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa).
A maior parte das notificações (63,7%) ocorreu entre pessoas de 20 a 39 anos. Em seguida aparecem as faixas de 40 a 59 anos (22,4%), 10 a 19 anos (8,6%) e acima de 60 anos (5,2%).
Entre os jovens de 15 a 29 anos, a situação também preocupa. Só no grupo, foram 1.287 casos confirmados até o dia 10 de outubro. Entre 2020 e 2024, as notificações na faixa etária aumentaram 33,7%, passando de 1.329 para 1.777 registros.
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A enfermeira Ylara Enmily Costa, do Núcleo de Controle de HIV/Aids, Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e Hepatites Virais da Semsa, afirma que o comportamento sexual dos jovens é um dos fatores que explicam o aumento.
"Essa é a faixa etária mais afetada pela infecção. Um dos principais problemas é a baixa adesão ao uso do preservativo entre adolescentes e jovens adultos. Em 2019, pesquisa do Ministério da Saúde já mostrava que 60% desse público não utilizava preservativo em nenhuma relação sexual", diz Ylara.
Segundo a enfermeira, o início precoce da vida sexual, o uso de álcool e outras substâncias e a multiplicidade de parcerias também elevam o risco de transmissão.
Entre pessoas com mais de 60 anos, profissionais de saúde alertam para a importância do teste rápido.
"Muitos idosos deixam de ser diagnosticados porque não são testados, sob a ideia de que não têm mais vida sexual ativa. Mas eles continuam vulneráveis e precisam ser testados regularmente", explica Ylara.
Sífilis congênita preocupa
Em 2025, Manaus também registrou 1.637 casos de sífilis em gestantes e 222 de sífilis congênita, quando a infecção é transmitida da mãe para o bebê.
A enfermeira Marinélia Ferreira, diretora de Vigilância Epidemiológica, Ambiental, Zoonoses e da Saúde do Trabalhador da Semsa, afirma que a transmissão vertical ainda é um desafio.
"O controle da sífilis congênita é uma prioridade, porque pode causar aborto espontâneo, parto prematuro, malformações e até a morte do recém-nascido", explicou.
Em 2024, Manaus registrou 3.772 casos de sífilis adquirida, 1.683 em gestantes e 354 de sífilis congênita.
O que é a sífilis
A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum. A transmissão ocorre principalmente por relação sexual sem preservativo, mas também pode acontecer da mãe para o bebê durante a gestação.
Na fase inicial, a infecção causa uma ferida indolor nos órgãos genitais, ânus ou boca. Em estágios mais avançados, pode afetar ossos, coração e sistema nervoso, levando, em casos graves, à morte se não houver tratamento.
Diagnóstico
Teste rápido para detecar sífilis
Divulgação/Semsa
O diagnóstico da sífilis pode ser feito por meio de testes rápidos disponíveis gratuitamente nas unidades de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). O Ministério da Saúde orienta que a parceria sexual também seja testada e tratada para evitar a reinfecção.
Em Manaus, as ações de testagem e tratamento gratuito ocorrem durante todo o ano e são reforçadas em outubro, durante a campanha "Outubro Verde".
Entre janeiro e agosto de 2025, foram realizados 96 mil testes rápidos de sífilis na capital. Do total, 26 mil foram destinados a gestantes e seus parceiros.
Tratamento
O tratamento para pessoas diagnosticadas com a doença é feito com penicilina benzatina, substância conhecida popularmente como "benzetacil", e é gratuito pelo SUS.
As unidades de saúde também distribuem preservativos internos e externos.
Foto Divulgação SemsaManaus tem aumento de sífilis com mais de 2,4 mil casos registrados em 2025
Divulgação/Semsa